terça-feira, 22 de julho de 2014

Dunga

O "novo" técnico da seleção


A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou hoje oficialmente o nome do "novo" treinador da seleção brasileira. Trata-se de Carlos Caetano Bledorn Verri. A torcida vai dizer que não conhece o técnico, mas, pela novidade do nome, deve apoiar, já que ela cobra uma renovação no futebol brasileiro. Só que o Carlos Caetano em questão é um velho conhecido do torcedor brasileiro, ele é o Dunga. O Dunga não representa o novo, ou seja, a CBF não tem intenção de renovar o modelo que temos visto no nosso futebol. Aparentemente será uma gestão de continuidade no comando técnico da seleção brasileira.

Por que a CBF escolheu o Dunga? 

Esquecendo completamente o lado técnico, vejo um presidente da CBF místico. É isso mesmo, supersticioso. No final de 2012, pouco depois do então vice presidente da CBF José Maria Marin assumir a presidência da entidade no lugar do afastado Ricardo Teixeira, o treinador Mano Menezes, hoje no Corinthians, foi demitido. No lugar de Mano foi chamado Luiz Felipe Scolari para ser o técnico. Carlos Alberto Parreira foi o escolhido para ser o coordenador da seleção. Scolari e Parreira foram os dois últimos campeões do mundo dirigindo a seleção. Parreira dirigiu o time que conquistou o tetra em 1994, nos Estados Unidos da América. Já em 2002, Scolari levou a seleção ao penta, na Copa disputada na Coreia do Sul e Japão. Na visão da cúpula da CBF os dois eram os mais bem preparados para conduzir o Brasil ao hexa. Havia a esperança de que ambos poderiam ser campeões novamente. Todos viram que não deu certo. Ao chamar Dunga, Marin aposta em um nome que é símbolo de derrota e, ao mesmo tempo, símbolo de vitória. Onde está a lógica? Em 1990, na Copa da Itália, o Brasil fez uma das piores copas de sua história. Apesar das três vitórias na fase de grupo, a seleção comandada pelo técnico Sebastião Lazaroni não jogou bem em nenhuma partida. Para piorar, foi eliminada na fase oitavas de final para a arquirrival Argentina. Aquela época em que o Brasil disputou o mundial foi batizada de "Era Dunga". Ali Dunga foi o símbolo da derrota. Toda falha, erro, momento ruim, foram canalizados na pessoa do Dunga. Ele foi alvo das mais severas críticas. Muitas, por sinal, injustas. Em 1994, nos Estados Unidos, o capitão deu a volta por cima, transformando-se em líder do grupo e um dos pilares daquela memorável conquista. O caro leitor provavelmente não deve se lembrar que foi de Dunga a última cobrança de pênalti que resultou em gol, na disputa contra a Itália. A seleção venceu nos pênaltis por três a dois, o terceiro gol do Brasil foi de Dunga. Agora o Marin acredita que o mesmo Dunga, que fracassou como técnico na Copa da África do Sul, dará a volta por cima no mundial da Rússia. Porém há um longo caminho a percorrer. Há muito o que acontecer, ou até não acontecer nada. O Dunga pode chegar à Copa de 2018 se obtiver resultados satisfatórios, ou sair se eles não vierem no decorrer do trabalho. Até lá, além das eliminatórias, o Brasil vai disputar duas Copas América, as Olimpíadas do Rio em 2016 e diversos amistosos. Ainda este ano tem o desafio das Américas, na China, contra a Argentina, em outubro.

A favor do Dunga 

Que o Dunga não se dá bem com a imprensa isso é fato. Na entrevista coletiva concedida hoje na sede da CBF, ele mesmo assumiu a responsabilidade e culpa pelo relacionamento difícil com a mídia. Se formos tratar apenas de números, teremos o seguinte quadro: Sob o comando de Dunga, a seleção brasileira conquistou a Copa América de 2007, na Venezuela. Apesar da derrota por dois a zero para o México na rodada inaugural, a seleção se recuperou na competição e na final, em uma partida brilhante, derrotou a Argentina por inapeláveis três a zero. Em 2009, na Copa das Confederações, mais uma conquista. Desta vez foi quase um passeio. Foram cinco jogos e cinco vitórias. A final contra os Estados Unidos terminou em um emocionante três a dois para o Brasil, depois de a seleção estar perdendo por dois a zero. Ainda sob o comando técnico do capitão do tetra, a seleção canarinho terminou as eliminatórias em primeiro lugar, à frente da Argentina. Embora o Chile, segundo colocado, e o Paraguai, terceiro colocado, tenham obtido uma vitória a mais que o Brasil, a seleção, em 18 jogos, perdeu apenas duas vezes. O maior revés de Dunga, no comando da seleção, foi a derrota para a Holanda, nas quartas de final da Copa da África do Sul. A julgar pura e simplesmente pelos números, a escolha do Dunga representa um acerto. É preciso, mesmo que por um breve momento, esquecer as rugas que há entre o treinador e a imprensa. Cada um deve se preocupar em fazer seu trabalho, sem atrapalhar o outro. Prefiro nem escrever muito sobre este detalhe, pois a seleção é maior que Dunga, qualquer outro técnico e a mídia. O ideal seria o entendimento, mas ele não é vital para a execução do trabalho.

Contra o Dunga

Depois do fiasco na Copa, principalmente nos dois últimos jogos, o futebol brasileiro, em todos os níveis, precisa de uma reformulação total. É preciso mexer nos alicerces do esporte mais popular do país. A escolha do Dunga não foi acertada se formos olhar pelo viés da renovação que carece o nosso futebol. Não se trata de uma simples comparação com o trabalho de Felipão. Isso não está em discussão. A CBF precisava apontar para o novo. Uma novidade. Surpreender pela ousadia. Apesar das competições importantes que se avizinham, até a Copa da Rússia tem muito tempo. Há tempo para mudanças, se necessárias. Se a CBF errar, há tempo mais que suficiente para uma correção. Quem defende que o Dunga não é o melhor nome aponta sua inexperiência, mesmo com uma copa no currículo. E também seus números à frente do Internacional de Porto Alegre lhes são desfavoráveis. Dizem ainda que até nas conquistas do Brasil sob seu comando, o time enfrentou dificuldades. Por esses fatores a escolha do Dunga não foi acertada. 

Opinião

Eu não escolheria o Dunga. Creio que essa era a hora de a CBF romper com o atual modelo. Inovar para promover renovação. Investir maciçamente na base. Promover oficinas, trabalhar o coletivo, fundamentos. Seria um trabalho de médio a longo prazos. Para técnico nomes como Tite, Muricy Ramalho, Cuca seriam boas escolhas. A CBF com seus mandatários surpreenderiam o mundo do futebol se anunciassem o nome de Cristóvão Borges, atual técnico do Fluminense, para o comando da seleção. Mais do que a escolha, daria a demonstração de que realmente ela quer fazer tudo novo. A torcida brasileira está ressabiada, desconfiada. Desconfiada da escolha do Gilmar Rinaldi para gerenciar o futebol da CBF. A escolha do Dunga para treinador. Pelo menos um nome pode agradar pelo carisma. Taffarel foi convidado a ser o preparador de goleiros. O Dunga pode não ter sido a melhor escolha, mas está longe de ser a pior. Não o escolheria para treinador, mas confesso que desejo e torço para que triunfe. Infelizmente as mazelas do futebol brasileiro não se resumem a escolha de um técnico. Os demais nomes da comissão técnica serão confirmados pela CBF nos próximos dias.

Um comentário:

  1. Certa ou errada vamos torcer para Seleção ser reformulada e tenha bons resultados.

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